Os 3R (leia-se Three Rivers) foram uma jovem formação musical que floresceu no panorama musical de “garagem” farense durante a década de 90.
A banda surgiu no contexto musical e cultural mais marcante daquela geração, o grunge, influência evidente e preponderante no registo musical deste agrupamento.
O grupo é formado em 1993, com o simples intuito de 3 amigos ocuparem o seu tempo mais que livre com algo criativo e que estava tão fortemente presente nas suas vidas.
Nenhum dos seus membros era assumida ou presumidamente músico de formação, a banda surgiu como a matriz autodidata para que cada um se expressasse através do instrumento musical que adotou, com toda a pretensão característica de um adolescente, e com toda a liberdade para errar e aprender.
A formação inicial era composta por Ricardo Viegas (Curly), guitarra e voz, Sandro Teixeira (Dr. Sanders), baixo, e Fliz Martins (Camané), na bateria. Juntaram-se com o único propósito de curtir a juventude e aterrorizar a vizinhaça local, com os seus covers de bandas como Pearl Jam, Nirvana, Stone Temple Pilots, Red Hot Chilly Peppers, Bush, Green Day, Metallica , entre outras, e quando surgiu a possibilidade de virem a estrear-se pela primeira vez num palco, prendeu-se a necessidade de criar um nome para o projecto, e surgiram os “Bream”, inspiração categórica do grande amigo Killi Man Jaroo que o propôs, e com o apoio incondicional da manager-roadie-coração pra todo o serviço Graça Martins.
Estamos em 1994 e havia-se juntado à banda um puto virtuoso na guitarra, Tiago (Bala), que viria a preparar esse primeiro concerto da banda, mais um par deles no bar King II, e noutro sitio onde a memória já não alcança, e viria a abandonar a banda com menos de um ano de ensaios.
Esta foi a fase em que a banda inicial enveredou pela criação de temas originais e surgiu a necessidade de um nome com maior identidade para com aquilo que se vivia na época, e “Crowd Surfing” foi a escolha no momento mas que não viria a durar.
Neste período, gravaram uma maquete precária no estúdio do Luís Mascarenhas, músico e técnico de som farense que na altura aproveitava a pouca concorrência, e inexperiência dos jovens que sonhavam com a música, para fazer a maré com estes cepos verdes que não pescavam nada da matéria.
Three Rivers (1994) K7
01 Father
02 Spring Tides
03 Why
04 By Myself
Nesta altura, a banda concorre ao concurso de bandas Maio Jovem, uma iniciativa do IPJ de Faro, e para este motivo convida pontualmente o guitarrista Rui Monteiro (Chalita), que viria mais tarde vir a fazer parte integrante da banda, sendo o seu último guitarrista, por volta de 1998-1999.
O nome 3Rivers surge neste momento, numa reflexão conjunta em que a banda se vê reduzida à sua formação inicial e percebe que estes 3 rios continuavam indiscriminadamente o seu caminho até ao mar que era a música que os unia.
Entretanto, aproximadamente em 1997, viria a juntar-se à banda o guitarrista Tiago Branquinho, cuja identidade musical acertava na mouche da banda, e com esta formação, a banda viria a cumprir (desculpem o atrevimento) a sua fase áurea.
Esta foi a formação mais produtiva e criativa da banda, mas que infelizmente viria a entrar em ruptura por volta de 1998, por incompatibilidade ideológica entre os membros.
Temas como Self-Centred Table, Under the Pass, Chester, 3 Days, Wish to Die In the River, entre muitos outros, representavam musicalmente o que se vivia entre a banda nestes tempos.
Os 3Rivers continuam por mais um ano e meio, com Ricardo Viegas e Sandro Teixeira da formação inicial, e neste período passaram pela banda músicos como Guru Marques (bateria), Sónia Cabrita (bateria), Filipe Relêgo (guitarra), Rodrigo “Urilu” (bateria), e Rui Monteiro (guitarra).
No seu curto período de existência, tiveram alguns concertos memoráveis donde destacam o bar Morbidus, bar King II, o unplugged no IPJ de Faro, e o “eterno” concerto da lista B com a banda Psi no IPJ de Faro, entre outras experiências mais ou menos dignas de se guardar memória.
Apesar de não haverem cumprido lugar na formação da banda, estas foram pessoas e entidades incontornáveis que contribuíram verdadeiramente para o fenómeno 3Rivers: Paulo Santos (Paulation), André e Bruno Cruz (Brothers Kriss Kross), António Matos (De la Penhix), João Lopes (Manelinho Luri), Didier Grelha (Didi Rasta), ARCA, as bandas farenses que serviam de motor de inspiração e motivação, e toda a malta amiga do coração que nos aturava e amava nas noites de guitarradas e batuques, chouriça assada e vinho tinto, e nos concertos idos. R.I.P. 3Rivers!!!
